Será que você entende o meu silêncio?

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Ah, o silêncio. Parece algo raso, não? O que pode haver naquilo que não se pode ouvir? Em silêncio percorremos nossos maiores sonhos ou até mesmo nossos maiores medos, em um só pensamento. Em silêncio, mergulhamos profundamente em nossa alma. Na ausência de qualquer som audível, podemos viver coisas maravilhosas. A sutileza da vida é perceber que se não estivermos atentos, muita coisa passa despercebida. Viver é perceber detalhes. É olhar pela janela de manhã e mesmo sem ouvir nenhum ruído, admirar a vida acontecendo devagarinho. É poder ler a poesia dos dias, baixinho, sem fazer barulho, sem chamar a atenção.

Eu sempre amei o meu próprio silêncio. Embora com o tempo, tenha me forçado a ser mais falante. Mas sempre amei as palavras, que escritas em silêncio, podem ser igualmente lidas sem precisar pronunciar. Com o tempo aprendi e percebi a capacidade que as palavras podem ter para demonstrar e descrever tantas coisas. Sentimentos, sensações, conquistas, decepções… As palavras podem narrar de maneira mais bonita, aquilo que pronunciando não conseguiremos dizer, sem que talvez perca um pouco do sentido ou da coesão diante de alguma emoção. O que é escrito, diferente do que é dito, pode ser revisado e melhorado. Mas e o que não conseguimos encontrar palavras para descrever?

Tem silêncios tão maravilhosos, como aquele em que nossos olhos se encontram. Aqueles que mesmo você tentando disfarçar, nossos olhos voltam a se buscar e o seu sorriso vai saindo, quase como não resistindo segurar a força da profundidade de sensações que passamos a vivenciar ali, naquele olhar. E o silêncio do seu sorriso, quando surge assim, nesse olhar roubado? Um sorriso tão lindo, sincero e singelo. Uma simplicidade repleta de intensidade de sentimentos e sensações que explodem em uma alegria que desperta a beleza desse gesto.

E o quão maravilhoso é, quando após uma conversa de olhares, cada um sabe exatamente o que o outro quer. E também em silêncio, meu corpo, se encontra com o seu, as bocas se acham e o beijo intenso, encaixa a minha vontade com a sua. E o beijo pode traduzir tanta coisa. Pode representar sentimentos tão belos, podem representar um querer tão sincero, tão verdadeiro, que é sem dúvidas, melhor do que qualquer palavra que poderia ser dita. E quando num abraço, seja de boas vindas ou de despedida, grandes mensagens podem ser transmitidas? E quando num abraço, é dito: Fica aqui comigo!

Quando eu te abraço, o meu mundo encontra com o seu. Quando meus braços tocam carinhosamente você, é como o mar tocando a areia da praia. Tem seus momentos de calmaria, outros de intensa vontade. Depende do nosso querer. Depende da forma que encontramos de preencher as ausências. Preencher os silêncios do que não foi dito, dos carinhos que até então não foram trocados. Das ausências que foram sentidas a cada dia sem você por aqui. De todas as vezes, que o meu boa noite, quis te dar esse abraço e só restou as palavras escritas. De todas as vezes que quis beijar a sua testa para que você possa sentir que vai ficar tudo bem. De todas as vezes que eu quis segurar firme a sua mão.

A saudade é dolorida, um vazio e silencioso espaço da alma, que só completa com você aqui. Com sua forma de agir, de olhar e gesticular. Com seu jeito calmo de viver os dias. Com seus sonhos que eu quero viver ou assistir acontecer. A saudade judia da gente, mas também é a prova que você sempre está aqui, em mim. A saudade é esse silêncio que faz morada e segue comigo ao longo dos dias. No trabalho ou em casa. Nos estudos ou nas atividades mais simples. É o silêncio do seu perfume que surge, toda vez que lembro de cada momento em que você esteve perto de mim. A saudade grita. Chama o nome, pede presença, exige encontros. Mas fora de mim, ainda é só silêncio. Ainda é só o olhar que aguarda te ver, é só a boca que o beijo aguarda a hora de encontrar o caminho para ser percorrido. É a lembrança em você. É a intensidade que ninguém vê, mas ela está toda aqui, dentro de mim. O silêncio guarda sempre esses grandes e intensos segredos, que só sabe e sente, quem sabe ler os silêncios daquilo que eu nunca disse. Mas no qual as palavras estão esboçadas em cada atitude, em cada gesto, em cada acerto ou tentativa de acertar, que viver me permite fazer.

Ah, o silêncio. Tem silêncios que só possuem significado para quem se permite sentir. Para quem permite mergulhar na profundidade das sensações, dos sentimentos e das emoções. O silêncio é também uma linguagem, uma emoção, um “eu te amo”, mais sincero do que dito ou escrito em palavras. Um silêncio, pode ser um pedido de socorro. Um silêncio nunca foi algo raso. Nunca foi para quem goste de surperfícies. O silêncio é esse segundo. O silêncio é esse momento que você usa para ler esse texto. O silêncio é muitas vezes tudo que temos. O silêncio também pode ser nossa chance, de nos calar, de nos permitir viver momentos únicos, em que a alma pode falar muito melhor do que nós. A música, o som, a voz, quando bem usados podem oferecer situações maravilhosas. Mas nunca esqueça o som do que não se diz, nem perca o brilho do momento de quando a música não toca e muito menos quando a voz não é usada. O silêncio também é vida. É amor, é poesia. Permita-se mergulhar. O silêncio é a chance de você se ouvir. E quando você escuta seu coração, quando você escuta o eco da sua própria vida, você vai perceber que muita coisa pode mudar e melhorar, inclusive você. Ouça o seu silêncio! O que será que ele quer te dizer? Em silêncio nesse momento, só espero que recrute e encontre o melhor de você.

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